Ao final daquele fatídico jogo entre Barcelona e Santos, quem perdeu não foi só o Santos, mas o futebol brasileiro que ele representava.
As gozações são iminentes e válidas, afinal de contas é um direito de cada rival, porém, a análise que faço é um pouco mais profunda.
Desde sempre, o Santos paga caro seja com investimentos, seja com apostas na base ou em jogadores promissores que possam valorizar seu status de time formador de craques e manter o padrão de jogo bonito que o fez ser conhecido e como um dos melhores times do mundo.
O Barcelona não jogou com todo o respeito, com a Portuguesa de Desportos campeã da série B do brasileiro. Jogou contra o campeão da Copa Libertadores da América, o que se pressupõe seja o melhor time do Brasil.
Entendo que do nível do Santos possamos encontrar outros times brasileiros, mas melhor não. Isto nos faz supor que qualquer adversário que fizesse frente ao Barcelona, perderia o jogo, por igual, menos ou maior placar que foi este que assistimos.
Culturalmente o Santos é quem sempre privilegiou o futebol bem jogado. Num tempo mais recente, o time de 2002 tinha somente um volante e zagueiros e laterais que jogavam muito. Na linha mediana, somente Paulo Almeida e ao seu lado, Renato e Elano ajudavam Diego na armação.
Mais recentemente o time de Dorival em 2010 teve o melhor quadrado do meio campo brasileiro, que municiava um ataque com Neymar e Robinho e quando não alternava o ataque com Madson e até Maicon Leite, velocistas.
As mexidas do Dorival era sempre no sentido de mudar ou melhorar o resultado do jogo. Improvisava o Madson na lateral, fazia atacantes voltar no meio e até somente com um defensor jogamos alguns jogos, pois dizia ele que se num jogo precisasse de alguém se sacrificar por outro que machucou ou fosse expulso, poderia contar com alguém já treinado.
Ocorre porém, que este time incomodou sistemas de muitos técnicos, incomodou a imprensa que tem pseudos-jornalistas que preferem privilegiar seus times independente da sua fase, a dar ênfase ao futebol bem jogado e até jogadores que não teriam lugar num time melhor.
O que os técnicos fizeram com o nosso futebol, foi colocar brucutus pra marcar talentos, zagueiros pesados e sem recursos que isolam a bola pra lateral ou através de chutões para o ataque para que dê certo o futebol de resultados, privilegiando o contra-ataque ou jogadas de bola parada.
Os passadores que não dão combate estão fora deste perfil e por isto vimos o torcedor vibrar com jogadores que dão carrinho e saem com a bunda verde de arrastos na grama, dando soquinhos de vibração e gesticulando com cara de mal pra torcida incentivar, e lógico, a torcida aplaude e grita o nome do cara.
O mesmo se faz com chutões para a arquibancada, encenações para expulsões e a reclamação, quase súplica por cartões amarelos, como se o oponente precisasse ser enfraquecido para que pudessem ganhar o jogo. Isto no discurso para a imprensa no intervalo ou pós-jogo chama-se “Garra e Determinação”.
Os times que não dispõem de talentos forjados em casa e que precisam de resultados para seus patrocinadores e seus torcedores sem paciência, tem que fazer dar certo este tipo de futebol. Por isto times como o de Dorival Jr., incomodava e tanto faziam para criarem crises no Santos de modo que o time fosse implodido, pois do contrário, ganharia tudo o que viesse pela frente e como ficaria enfim a situação deste times que precisam muito mais do que nós, estarem em evidência?
Relembrem, quantas crises foram criadas e inventadas de fora pra dentro no nosso elenco no sentido de desestabilizar e mudar o rumo que tínhamos conseguido num elenco extremamente capacitado.
Ocorre enfim que o Santos pela sua tradição é um time de nível mundial e não regional.
Torcedores, mídia e alguns dirigentes, imaginam e fazem times para a disputa regional e neste quesito digo futebol brasileiro, seja Copa do Brasil ou Brasileirão. E o futebol de resultados foi inventado a partir de táticas estrangeiras que inventaram para ser o único meio de parar times talentosos. Isto foi trazido para que técnicos tivessem não só resultados, mas também se mantivessem no emprego, pois a impaciente torcida cobra por resultados e títulos que não vem. É mais fácil trocar o ténico do que mandar embora jogadores medíocres.
O Santos que queríamos ver contra o Barcelona é o de 2010 e não o de 2011. Muitos sugeriam nas rodas jornalísticas este confronto.
Só que o tempo passou e o Santos mudou quase tudo. Saiu do seu futebol arte para o futebol de resultados. Abriu mão do seu técnico de 2010 e após algumas tentativas, chegou a Muricy, o único capaz de ajeitar a casa já toda desfacelada interna e externamente, com jogadores tomando conta do elenco e alguns jogando só com o nome sem nenhuma condição.
Dizia-se até que alguns técnicos neste processo não treinava coletivo pra não expor alguns jogadores ao ridículo de enfrentar Neymar.
A diretoria aparentente, fingia não ver ou sempre tentou levar na diplomacia, esta ação que vinha de fora pra dentro, até mesmo da imprensa em privilegiar seus times medícores ao futebol de espetáculos apresentado pelo Santos ou qualquer outro time. Em 2011, chegaram ao cúmulo de inventar Ganso no Corinthians e Neymar em vários times do mundo.
De 2010 pra 2011 a diretoria privilegiou focar manter Ganso e principalmente Neymar no elenco, como se sómente os dois fossem capazes de jogar por 09 jogadores medianos ou medíocres. Abriu mão de jogadores entrosados que de 5 em 5 anos é que aparecem juntos num mesmo elenco. Sairam Marquinhos, Wesley, Madson, Alecsandro, Jhonattan, Love, André e tantos mais, que obstante a qualidade ténica de um ou de outro, eram importantes naquele esquema tático vitorioso.
Não foram capazes de administrar a crise Dorival Jr e Neymar por causa de um jogo contra o corinthians que vinha pela frente e a corda arrebentou pelo lado mais fácil, quebrando enfim o principal inventor e articulador de uma filosofia de jogo que até então funcionava a olhos vistos no Santos Futebol Clube.
Tenho certeza que os adversários, e alguns pseudos-jornalistas vibraram mais com estes fatos que com a derrota contra o Barcelona, pois olhando bem em termos de resultados, a vitima lá poderia muito bem ser um deles. O resultado não seria diferente.
O que enfim precisamos mudar é a cultura de quem faz e vive do futebol, além de nós torcedores.
Procurar aplaudir quem joga diferente, quem mostra a arte e vaiar os ruins de bola que pra alguns times são considerados heróis. Exigir da sua diretoria seja através dos jogos ou de protestos que seu clube possa ter um time no mesmo caminho do melhor.
Muita coisa enfim deve ser feita pra melhorarmos o futebol brasileiro como um todo, mas como disse em especial culturalmente.
Caso contrário, veremos a decadência respingada nos times e na seleção brasileira que este ano deu vários vexames e times como o Flamengo com Ronaldinho Gaucho e tudo, tomar de 4 em pleno Maracanã.
E se perdermos a hegemonia sul-americana para times como LDU e Universidad del Chile, fazer uma campanha vexatória no Mundial em pleno Brasil não é nada dificil.
Times que são tradicionalmente campeões regionais poderiam buscar crescer e times considerados de âmbito mundial, devem continuar investindo em seus talentos, sem interferencias ou sabotagem.
Logo um dia quem sabe, recuperaremos a excelência.